domingo, 23 de julho de 2017

Capítulo 2: Massacre




Ao final da tarde,diversos alunos e professores da escola Wingarden caminhavam em direção as pradarias, que ficavam nas proximidades da escola. Lá se encontrava Alberto com Liber ao seu lado. Como o frio era muito,todos estavam usando roupas pesadas. Borya não se encontrava presente junto aos alunos e professores.

Todos se reuniram envolta de Alberto, que encarou os professores que se posicionavam na frente dos alunos.

- O que será feito hoje vai ser uma coisa simples. Primeiro, peço que todos os professores venham para a frente.- os diversos professores seguiram o comando.- Agora, explicarei o que irão fazer, e... O que estão a olhar que é tão interessante?- pergunta ao notar alguns alunos olhando em direção ao céu.

- O-o-o que é aquilo?!- Pergunta um dos jovens que olhavam átonitos para o céu.

Alberto olha na mesma direção, e o que para ele era antes deveria ser uma simples distração dos alunos, se revela um grande desastre. Milhares de criaturas cobriam o céu, e sua simples presença fazia todos os presentes ficarem com medo. Demônios. Um exército de demônios. O que era uma cena pacífica se transformou em algo caótico. Nenhum dos presentes manteve a calma quando viram tal coisa e sentiram a intenção assassina vindo de tais seres.

- Corram para a escola! Depressa! - gritou Alberto.

Alunos e professores corriam em direção à escola, alguns até usando magia para facilitar. Mas não adiantou. Os demônios lançaram magias de longo alcance e acertaram aqueles que fugiam. A locação rapidamente foi destruída, e o fogo cobria até onde a vista alcançava.

Alberto cai no chão, impotente em relação a situação. Tudo o que podia fazer era ver todos morrerem, sem poder ajudar.

- He he! Olhe o que temos aqui! E eu pensando que era apenas um rumor! Não é que você realmente voltou?- disse uma figura feminina que se aproximava dele.

- Vanessa Scarlet, eu disse que não retornaria à magia, e não retornei. Você sabe muito bem que já não tenho poder e não os ameaço.- disse Alberto para a mulher a sua frente.

Vanessa era uma mulher de força terrível, ao nível Comandante, e além disso, dona de uma bela aparência. Seu corpo voluptoso e sua pele bonita e delicada como jade branco eram de enlouquecer qualquer homem, seus cabelos negros e sedosos caíam até suas costas, e seus olhos azuis eram hipnotizantes. A única coisa que fazia as pessoas cairem na real em seu corpo eram as asas que remetiam as de um morcego, essas, que pareciam trazer a morte consigo.

- Oh! E do que isso importa? Só de você estar aqui já temos motivo para te capturar, quem sabe até te apagar!- zomba de Alberto. - No entanto, você tem sorte, meu mestre disse que caso você aparecesse em algum lugar, não era para fazer nada além de reportar o encontro.

- Quando ele deu essa ordem? - rebate, tentando manter a compostura.

- No momento em que renunciaste.

A resposta chocou-o, ele não imaginava que desde o início, aquele louco já planeava algo. Se fosse assim, ele teria, uma hora ou outra, de se reerguer e ver se consegue impedir as maluquices daquele sujeito.

- Sorte sua, não é hoje o dia de sua morte! Au revoá! - diz ela, saindo com um sorriso macabro no rosto.

Ao presente momento, as criaturas atacavam os últimos membros restantes do colégio, atacando-os com espadas e lanças. Nem se preocuparam em recolher as armas dos corpos ou verificar se realmente todos morreram, afinal, para eles, nenhum daqueles que caíram poderiam resistir ao seu poder.

Olhando pessoas inutilmente morrerem, Alberto não pode fazer nada, além de fica com um sorriso amargo no rosto. Era isso que ganhava por desistir de algo acreditando ser por um bem maior? Se fosse, ele preferiria nunca ter escolhido aquele caminho.

Alberto teve lágrimas a brotar em seu rosto, e pôs-se a chorar por continuos minutos... Neste meio tempo, o ataque já havia acabado, tão de subito quanto quando começou. Decidiu que não devia mais perder tempo, e levantou-se, e foi verificar os cadaveres, ver se havia algum sobrevivente.

Seu caminhar frouxo pela neve mostrava um pouco de insegurança, e o sangue que molhava a neve branca fazia o seu rosto ficar sombrio. Não foi a maior batalha que já viu, mas foi a única onde ele só pôde assistir.

Chegou ao cadáver de uma aluna da escola, verificou o pulso e a temperatura. Ao que tudo indicava, morta. Passou para a próxima, que estava bem perto da anterior, e o resultado desta, foi surpreendentemente viva...

...

Após investigar as centenas de corpos caídos no chão, verificou-se que apenas trinta sobreviveram. Alberto, utilizando-se de seus velhos conhecimentos, usou técnicas de tratamento avançadas para, pelo menos, garantir a sobrevivência destes poucos.

Uns cinco já podiam, ao menos, se sentar ou dar pequenos passos. Dentre eles, aquela de alcunha “ Gênio Dinamite”, a pequena garota de cabelos vermelhos chorou bastante. Não só pela morte de diversos companheiros, ou pela cena tão sangrenta, mas também porque ela acreditava que um certo alguém poderia ajudá-los.

Ela ergue-se e vai em direção à Alberto. Punho cerrado, dentes rangendo. A face mostrava extrema raiva contra o outro. Lágrimas brotavam no canto de seus olhos,  a face corada pelo sangue quente, movido por sua atual emoção.

- Por quê... Por quê você não os ajudou?! Você não era o rei do pedaço?! Não era o tal?! Então por quê não nos ajudou?! Diga-me! Por que?! - grita tentando, em vão, socar Alberto.

- Pare de ser infantil... Acha mesmo que se eu pudesse fazer algo, eu ficaria no campo de batalha sem fazer nada, além de chorar e ressentir? Acha mesmo que deixaria de ajudar todo o projeto de um amigo, deixando-o se despedaçar?! Realmente acha isso?! - questiona o outro, já alterado.

Ele segura os punhos da menina, que tentava, mesmo que inutilmente, se debater, olha nos olhos da mais jovem e diz:

- Não pense que só por eu ter sido forte no passado, que eu tenho de ser agora. Não sabe nada dos eventos do ano passado? Parece que não, né? Caso não saiba, por uma série de motivos tive de danificar meus merídianos imortais e veios mágicos. Também tive de quebrar meu cultivo. E agora, acha que eu seria de alguma ajuda? Não pense nas pessoas como algo conveniente para você, e nem pense que só você está sofrendo. Não vê seus colegas? Muitos sofreram ferimentos fatais, e milhares morreram tragicamente. Não me venha com papo furado, ao invés disso, cuide de si mesma, vá se deitar e pare de me amolar, tenho muito o que fazer.

Alberto deixa a menina para trás, ela já com lágrimas nos olhos, e grita para um:

- Você aí!  Consegue andar?

- Um pouco senhor. Ainda me dói as pernas, mas qual a causa? - responde.

- Mantenha a ordem por aqui. Posso demorar para voltar, então preciso de alguém que possa estar atento aos feridos, e que, em caso de extrema necessidade, possa caminhar de volta ao castelo, onde estarei checando as coisas. Então, pode fazer isto?

- Tentarei meu máximo.

- Ótimo! Peça para aquela garota te ajudar, um só não manteria a ordem. - diz ao apontar para a chorosa garota de cabelos avermelhados.

Logo o sujeito concorda, e Alberto sai em direção ao castelo.

...

As paredes esburacadas, o telhado destroçado e a mobília quebrada não eram coisas muito agradáveis de se ver. Essa íncrivel “combinação” fazia o castelo centenário parecer milenar.

Alberto explorava os arredores e movia escombros em busca do diretor. Nada parecia colaborar muito com a busca, e logo Alberto desiste e vai ao tradicional método dos grito.

- BORYA! CADÊ VOCÊ?! BORYA!! - berrava. - BORYA! SE ME OUVIR, RESPONDA! DÊ ALGUM SINAL!

Nada. Rapidamente se locomove ao próximo cômodo.

- BORYA! RESPONDA! BORYA!

Novamente, silêncio. A busca pelo diretor não dava resultados. A cada cômodo passado, menor eram as esperanças, e maior era a decepção. Por fim, Alberto segue para o último cômodo. A diretoria.

O local se encontrava em péssimo estado, destroços cobriam a maior parte do ambiente.  Num dos cantos, um corpo se encontrava jogado, com as roupas cobertas por rasgos, e a pele, por feridas. A barba completamente desgrenhada coberta de pó. Era Borya.

Alberto de imediato vai até ele.

- Borya! Consegue se mexer?

- S-sim... - responde o outro, fraco.

- Ótimo, isso facilita um pouco o trabalho. - diz Alberto, ajudando o outro a se levantar. - Então? Alguma idéia do porquê desta “visita” repentina?

- Na verdade, eu acho que sei o motivo. Mas antes, traga-me água, por favor... - num sussurro.

Alberto o recosta em um canto e vai obter água.

...

Não tarda e Alberto retorna com uma garrafa d’água., logo abrindo-a e entregando-a a Borya, que com certa dificuldade, bebe um pouco.

- Bem Borya, agora me diga, qual o motivo deles atacarem a academia?

- Creio que você suspeite do mesmo que eu... A Pérola Ametista...

- Já previa algo assim... Essa jóia é extremamente rara, uma fusão de duas jóias diferentes formadas por circunstâncias quase opostas e sem a menor proximidade uma da outra. Ela é centrada no acumulo de energia elemental terrestre, e seu poder chega a ser maior do que o de três bombas de hidrogênio.

- Mas se esquece do fato mais importante... Sua energia mágica é ideal para servir de combustível para grandes formações. - respira fundo - acho que já descobriu o que ele fará, se realmente roubaram a jóia...

- Sim, tenho uma noção, mas creio que não devamos discutir isto agora, primeiro temos de sair daqui. - fala Alberto. - Se apoie no meu ombro, não acho que esteja bem o suficiente para caminhar sozinho.

Borya se levanta, e, arfando, apoia-se no ombro do outro.

Logo saem da sala, que é imediatamente tomada pelo silêncio.

...

O que antes eram os restos de um trágico massacre agora já era um acampamento, este com algumas barracas, fogueiras, e alimento. Três dias foi suficiente para tomarem alguma providência e começar a fazer planos. Nesse curto espaço de tempo a maior parte dos sobreviventes já havia se recuperado dos ferimentos, isto graças a Borya, que logo ao recuperar alguma força aplicou magia de cura nos alunos.
Na maior barraca, esta montada com os restos de alguns tecidos impermeáveis encontrados no castelo, estavam Borya e Alberto, discutindo a situação.

- Borya, acho que agora não posso viver pacificamente...

- Alberto, eu acho que nós dois já sabíamos que era muita ilusão pensar em se esconder para sempre. - suspira. - E então, lembra de algum método  para restauração dos seus veios? Ou talvez de um método de cultivo? Talvez Liber possa ajudar.

- Liber ajudar é fora de cogitação, selei o livro de forma que só alguém do mais alto nível possa abrir. Mas ainda tenho alguns métodos para voltar a ativa. Os veios são mais fáceis, o problema são os meridianos...

O mais velho suspira, e diz:

- Se houver algo com o qual eu possa coperar, é só falar.

- Na verdade preciso de uma coisa. - fala Alberto. - Sabe onde tem vinhedos por aqui?

- Não, mas por causa de alguns projetos da antiga URSS, é possível ter um num raio de cinquenta quilometros. - fala Borya, esfregando as mãos. - Mas não garanto qualidade, pois as uvas eram péssimas.

- Isso não importa, para a “receita” que vou seguir, desde que seja diretamente retirada do pé, e não passe mais de vinte quatro horas fora dele, qualquer uva serve.

- Alquimia, não é? - pergunta Borya, com um sorriso no rosto.

- Sim, a boa e velha alquimia...

...

Após alguma procura...

- Parece que ainda restam alguns. - diz Alberto ao ver algumas videiras a sua frente.

Borya, que o acompanhou, pega um cacho presente em uma videira.

- Mas que azar, parece que a sorte não nos acompanha. Achamos após dois dias videiras e uvas de bom tamanho, mas ainda longe de amadurecerem. Que pena...

- O amadurecer é o de menos, para isso tenho um jeito. - responde o mais jovem ao retirar um cacho com cuidado. - Vamos, precisamos de apenas mais alguns, algo em torno de um quilo.

Borya assente, e em pouco tempo retiram a quantia.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O por quê da demora

Bem, a explicação é a seguinte:

Originalmente, minha ideia era lançar o capítulo com imagens das cenas, desenhadas na mão no estilo de quadrinho japonês, ou melhor dizendo, mangá. Mas não consegui. Minhas habilidades de desenho ainda não haviam atingido o nível que eu queria.

Por esta causa, acabei travando a escrita do capítulo 2 e não publicando o 1, o que foi sinceramente péssimo. Não só travei, como também quando decidi largar de lado o plano e lançar logo o 1 e terminar o 2, acabei tendo um bloqueio criativo, por assim dizer.

Daí, agora, então, decidi que vou escrever os capítulos e acrescentar imagens, caso as tenha, ao longo dos capítulos.

Então é só, falou!

Capítulo 1: Borya


...

Era dia, e podia se ver, na velha casa com roseiras,um menino e um jovem jogando uma partida de xadrez. A partida estava difícil para ambos os lados, mas poderia ser decidida a qualquer momento. Alguns minutos depois, o mais velho anuncia:

- Cheque- mate.

- Ahn, gostava mais de quando você jogava mal. Não estou conseguindo te vencer em quase nada! -dizia o menor, que fazia uma careta ao ver que perdera mais uma vez.

- Bem, "senhor” Liber Verus, tenho de ir, pois se não me atrasarei para o meu primeiro dia de aula, não posso dar uma má impressão, não é?- fala o jovem, que pegava a mala ao lado da cadeira.

- Absolutamente, afinal, o que conta é a primeira impressão. Bem, até logo Alberto.- diz enquanto ia vagar pelos cômodos.

- Até.

Logo, a figura do jovem, Alberto, saí da casa. Trajado em um uniforme branco por inteiro, saía de casa com seus cabelos castanhos expostos a brisa e seus olhos castanhos a sofrer pela luz do sol, tendo também sua pele bronzeada em confronto com o sol. Seu porte físico era consideravelmente normal para sua idade, mas no entanto sua fisionomia não era comum aos habitantes daquele país. Era um estrangeiro.

O nosso bom amigo é brasileiro, que conseguiu de alguma forma um tipo de transferência para o Japão, onde terminaria o ensino médio.

De todo modo, seria seu terceiro ano no Japão, e o último na escola. O caminho com cerejeiras floridas parecia chamar-lhe ao seu encontro, sendo o caminho mais longo, porém mais belo a se seguir para ir ao colégio. Entretanto, o lugar lembrava-o de acontecimentos passados que não queria se lembrar, então logo pôs-se a mudar o caminho, optando por uma rua qualquer, sem nada de especial, porém que fornecia uma passagem mais curta.

Logo, alguns minutos se passaram e já se podia ver uma grande construção de muros brancos, e diversos jovens a sua volta. Sem ligar para nenhum determinado grupo ou determinada pessoa, ia para dentro do prédio, onde mais uma vez viveria um ano escolar.

...

Na sala, vários jovens recostados nas carteiras, e outros já sentados,esperando apenas o sino tocar. Não haveria discursos nem nada, pois tudo isso foi feito no dia anterior, e por isto foi gasto por inteiro, fazendo a aula só começar agora.

Alberto olha a sua volta, logo tendo seus olhos centrados em uma garota. Ela possuía longos cabelos lisos, olhos um pouco puxados, lábios finos, uma pele muito branca e um corpo esguio e esbelto. Japonesa legitima, essa era a sua melhor amiga no colégio, Morikawa Yoshino.*

Ela era praticamente a única que entendia-o na escola, pois muitos o achavam meio estranho, alguns até espalhavam rumores sobre ele, mas ela sempre continuou a conversar com ele, até formar profundos laços de amizade.

Logo ele foi até ela, e iniciou uma conversa.

- E aí Yoshi,tudo tranquilo?- fala de maneira pouco convencional.

- Hm? Ah! Sim tudo certo.- responde finalmente, depois de notar que Alberto se dirigia a ela.

- Yoshi, você chegou a ver os novos mangás da temporada?- pergunta Alberto, enquanto apoiava o braço em uma mesa.

- Sim! Estão incríveis né? Aquele tal de Galant Warriors é um show!- responde animada.

- Você também leu esse? Que massa! É muito louca aquela cena onde o protagonista pula de cima do cavalo e desafia o vilão para um duelo em terra!

- É né? Além disso, o herói é um amor! É tão educado e gentil...

...Pois é, ambos compartilham um mesmo interesse:

Mangá.

Bem, depois de uma conversa razoavelmente longa, o sino toca e a aula começa. E assim o dia flui.

...

Ao final da aula, fica conversando um pouco com a jovem, e depois de um tempo se despede da amiga.

A volta para casa foi bem rápida, parando apenas para comprar ingredientes para o jantar. Ao chegar em casa, nota que, estranhamente, havia uma antiga moto na frente de sua moradia. Desconfiado, entra devagar, e suspira de alivio ao ver que era apenas um velho amigo, o bom e velho Borya, diretor da academia mágica Lt. Borya, localizada no interior da Rússia.

-Mas pois bem Liber, você me venceu de novo! E afinal, tem certeza de que Alberto chegará logo?- pergunta o senhor de cabelos castanhos para Liber.

- Claro, e falando no diabo, olha ele aí!- diz depois de guardar as peças de um jogo, apontando para Alberto.

-Oh! Alberto, meu amigo, que bom te ver!- diz se levantando e abraçando fortemente o mais jovem.- Como está? Tem passado bem?

-Sim, tenho passado muito bem. E o senhor, como está? Aceita um chá?- pergunta ao homem.

- Estou ótimo! Só um pouco cansado devido ao trabalho, este ano alguns pestinhas estão fazendo um grande estardalhaço na escola! E aceito o chá sim.- responde Borya, aparentando um pouco de raiva - Mas bem, estou aqui para tratar de alguns assuntos com você. Tenho de lhe pedir algo.

- E o que seria?- pergunta, enquanto pega a chaleira e começa a ferver água para o chá.

-Bem,eu disse para alguns alunos que haveria chance do homem que criou o underground shop original ir para a academia dar uma palestra.E eles,animados,logo espalharam a notícia,e tudo está uma confusão por tal causa!Então vim lhe pedir se pode dar uma pequena palestra sobre magia lá.

Alberto por um momento parou de preparar o chá, mas logo continuou, e depois de uma profunda respiração, disse:

- Não posso.

- Por favor, é pelos jovens ansiosos por conhecimento!- pediu novamente Borya.  -Eu sei que decidiu largar o mundo sobrenatural, mas faça isso por um amigo! Só quarenta minutinhos! Por favor? - com olhos chorosos.

- Tá Bem!! Não precisa me sensibilizar tanto. Não sabe como fica mal um homem de sua estatura pedir de tal forma.- responde enquanto pega a chaleira e duas xícaras - Aqui está.

Entrega uma das xícaras, agora cheia, ao homem e logo se senta. Alberto beberica um pouco.

- E então? Quando será?- pergunta ao diretor.

- Sinto muito por isso mas é amanhã, o primeiro dia de aula deste ano.- responde um pouco acanhado - É que ocorreu alguns problemas na viagem e isso me atrasou um pouco.

- Poxa vida, viu ?! Como é que pode ser amanhã? Mal dá tempo de arrumar as coisas!-exclama Alberto, quase derrubando o chá - A que horas vai ser?!

- As oito da manhã.

- Oito da manhã?! Como é que pode?! É impossível ir do Japão à Russia em tão pouco tempo ! Não tenho nada pronto para tais coisas! Muito menos dinheiro para um avião!- gritava desesperado.

- Acalme-se! Não iremos com meios mundanos, nos iremos na Elizabeth!- disse tentando tranquilizar o jovem.

- Elizabeth? A velha motocicleta encantada? Mas ela não estava quebrada?- perguntou de imediato.

- Sim, estava, mas consegui a ajuda de um velho amigo, e daí ele a consertou! Além disso, não se preocupe em fazer as malas, já preparamos tudo para você lá! Mas não temos tanto tempo para ficar papeando, agora que aceitou. - diz Borya, enquanto procura as chaves de Elizabeth nos bolsos do grande casaco que usava - De todo modo, pegue rapidamente aquilo que achar necessário, iremos em trinta minutos.

Rapidamente assentindo, Alberto se vira e encara Liber, que ouvia atentamente a conversa.

- Onde você está? - pergunta Alberto para Liber.

- Na sua frente, oras! - responde Liber meio bravo com a pergunta aparentemente idiota.

- Não esse você, o outro você! - responde Alberto com certa raiva.

- Ah! Na sua cama, por que? - pergunta Liber interessado no que o outro responderia.

- Bem, porque nós vamos viajar. -  fala Alberto enquanto segue em direção ao quarto.

- Eu também vou?! Quer dizer que vou viajar? Para a Rússia? Aí, quanta coisa eu posso fazer! Mas Alberto, não tem aula amanhã? - diz Liber enquanto segue o maior para o quarto, bombardeando-o de perguntas.

- Não importa as aulas! E nós estamos indo para fazer um favor a um amigo, e não passear. Afinal, por que você está me seguindo, eu tenho que me trocar, vestir uma roupa decente e esco... - diz Alberto enquanto entra no quarto, e logo sua voz já não pode ser ouvida graças a porta fechada.

...

Algumas horas mais tarde, já se podia ver um ambiente completamente deserto, com apenas neve em todas as direções, e um grande castelo negro em meio a toda esse branco.

No ar, se localizavam duas pessoas montadas em uma motocicleta em alta velocidade. Logo quando chegam acima do castelo, a motocicleta para no ar, e de repente ela começa a descer, até pousar completamente no chão. Dela, descem, respectivamente, o famoso diretor da Academia Lt.Borya, Borya,e o jovem Alberto, que vestia uma roupa comum do dia a dia, combinação composta por uma camiseta vermelha e uma calça jeans, junto a um casaco verde oliva.

Borya usava um grande casaco de pele, o mesmo de antes, e um chapéu de pele também lhe cobria a cabeça. E seus cabelos e barba estavam um pouco desgrenhados. Logo o grande homem se dirige à porta de uma torre, acompanhado pelo jovem.

Ambos foram logo cumprimentados por servos do castelo, e Alberto fora mais bem recebido do que imaginara. Já havia uma mesa pronta,com algumas comidas e bebidas locais, tudo para os dois jantarem. O diretor não estar presente no salão de jantar da escola era algo raramente visto. Só ocorria quando convidados realmente importantes estavam presentes ou quando Borya tinha algo muito importante para fazer.

Muitos alunos poderiam ficar intrigados, mas isso não importava nem para o diretor e nem para o convidado, que botavam a conversa em dia.

...

Depois do jantar, Alberto foi guiado para seu quarto.

O quarto preparado para Alberto é o melhor que poderia pedir. Borya realmente conhecia bem seus gostos.


Era um quarto relativamente simples, as paredes eram de uma cor bege, com alguns detalhes em ouro, e o chão era de madeira nobre. O teto era bem simples, tirando o fato de toda a iluminação vir de um lustre de cristal. Já os moveis eram todos de madeira negra,e o conjunto era composto por um armário, que se localizava no canto de uma parede, por uma cama de solteiro, que se localizava ao lado do armário, e por fim por uma escrivaninha,que estava localizada no canto oposto ao armário. Tudo com um estilo meio rústico, que adequava ao seu gosto.

Retirou os sapatos logo após entrar no quarto, colocou um livro na escrivaninha, e uma fumaça azul sai do livro, e se materializa no menino conhecido como Liber.

Sim, Liber Verus, ou O Livro da Verdade.

- Nós já chegamos?- perguntou o garoto,meio sonolento.

- Sim, você chegou à Rússia.- respondeu rapidamente Alberto, que se deitava na cama.

- Sério?! Nossa! Vamos andar por aí! Quero ver tudo!- diz Liber animado, praticamente esquecendo sua sonolência anterior.

- Hoje não verá nada, estou muito cansado da viajem. Amanhã acordarei cedo, seis da manhã,para tomar um banho e me arrumar. Aí, quem sabe, a gente explora o castelo um pouco.- respondeu Alberto, que bateu palmas três vezes, fazendo assim a luz apagar.

Ele tinha de admitir, esse sistema era muito prático.

- Entendo. Bom, boa noite.- fala Liber meio desanimado, mas entendendo os motivos do amigo.

- Boa noite.- diz Alberto ao bocejar, e logo cair no sono.

Liber então, deita-se ao seu lado, e tenta dormir, rapidamente cedendo ao sono...

...

Os primeiros raios de sol batiam no rosto do jovem, e algo fazia um irritante som agudo. Era um despertador. Havia configurado seu smartphone para lhe acordar seis horas, mas no entanto, achava que tal toque havia acordado o andar inteiro.

Rapidamente ele para o toque, e vai em direção ao banheiro, onde faz suas necessidades diárias e toma um banho. Ao sair, estava só de toalha, e ia em direção ao armário ver o que havia sido preparado para ele. Não se surpreende ao ver um terno ali, mas acha estranho o fato de ser de uma cor vermelha bem viva, com alguns detalhes em bronze.

Logo retira a toalha, quando um afobado Liber aparece entrando no quarto e fechando a porta rapidamente.

- Você precisa ver, Alberto! Eu vi agora a pouco um enorme grifo rugindo lá fora, carregando em suas costas alguns alunos! Você precisava ver que esplêndida montaria e... Está se vestindo?- de afobado, de repente ficou tímido, logo tampando o rosto corado com ambas as mãos.

- Hm? Sim, por que?- diz Alberto ao colocar a roupa de baixo.

- Err... Porque... Ahm...-Liber continuava sem jeito, mesmo ao retirar as mãos do rosto, olhava para baixo ou para os lados,para desviar o olhar.

- Quer saber, esquece. Só se acalma, seja lá o que for o motivo de estar assim. Respira fundo, tá?- fala Alberto ao terminar de colocar a calça e começar a pôr a parte de cima do terno.

Depois de algumas sucessivas respirações, Liber se encontrava melhor, e Alberto já havia se vestido por inteiro.

Saíram do quarto logo depois de arrumar a cama, e pegarem algumas pequenas coisas importantes para eles, como o smartphone e o livro.

...

Seu turismo pela escola durou em torno de uma hora,onde viu diversos tipos de seres. Desde magos humanos até demônios de classe Soldado. Também viram manticoras e hipogrifos, tal como diversas outras criaturas.

Logo, já batiam no relógio sete e cinquenta, e sendo assim se apressaram para o salão de jantar. Ao chegar lá o salão estava lotado, mas conseguiram de alguma forma passar despercebidos em meio a toda essa gente. Borya esperava-os na parte de trás do local, e logo que os viu, abriu um grande sorriso.

- Chegaram na hora, glória!- disse o senhor como se tirasse uma grande preocupação de sua cabeça - Vamos, não temos muito tempo, vocês entrarão pela porta dos professores.

- Pois então vamos, não temos nenhum motivo para ficar aqui, temos?- responde Alberto com um certo humor animado.

Rapidamente passam por uma entrada que leva à um dos extremos do salão, tal como a área dos professores.

Burburinhos e conversas para todo lado, a expectativa era grande. Quem diria que realmente o criador da primeira underground shop viria em pessoa? A comoção era tanta que para aumentar ainda mais a tensão, alguns engraçadinhos espalharam diversas coisas sobre como ele era. Desde um grande homem com três metros de altura até um homem loiro com cara de príncipe encantado, as histórias eram diversas.

Borya logo aparece em meio a área mais elevada do salão, e Alberto segue logo atrás, e Liber se escondia entre os dois, aparentando estar meio envergonhado.

- SILÊNCIO!- grita o diretor.

Logo todos se calam, e olham para as figuras que estavam no pódio. Enquanto isso, alguns servos colocavam cadeiras ao lado da pertencente ao diretor.

- É esse o cara?- pergunta um aluno audacioso, enquanto aponta para Alberto, que pacientemente esperava com as mãos nas costas o fim da cena.

- Sim, é ele.- responde o diretor em alto e bom tom, porém de maneira calma.

Logo já haviam alunos cochichando novamente. Quem adivinharia que tal grande ídolo desconhecido seria apenas alguém tão jovem quanto eles? Ao verem isso,muitos ficaram chocados, e outros já começavam a questionar entre si, por tal causa, Borya interfere de novo:

- SILÊNCIO!- berra novamente o diretor, com aparente raiva que raramente demonstrava em frente aos alunos - Por favor, se apresente, Alberto, e pode começar a palestrar.

- Pois bem, o meu nome, como puderam ouvir, é Alberto, Alberto Oliveira. A pedido de meu amigo, o diretor, saí do Japão, local onde atualmente estou me hospedando, para palestrar sobre magia e diversas outras coisas.- dizia de forma calma e composta - Primeiro, decidi falar sobre convocações, magias com qual já me identifico bem. Mas antes de começar, caso tenham alguma dúvida que queiram perguntar agora, é só falar.

Depois de alguns segundos, um aluno levanta a mão, mal se dando para ver o braço erguido em meio a multidão.

- Diga.- disse Alberto encarando o jovem.

- Mas senhor, convocação não é uma magia de nível intermediário?- pergunta o corajoso.

- Não irá fazer diferença do jeito que explicarei, afinal, se ficarem focados e aprenderem, até o mais banana de vocês pode fazer isso.- respondeu ao garoto.

O garoto decidiu não perguntar mais nada,então logo Alberto prossegue.

- Bem, como devem saber, a convocação é simples, mas a maior questão é o melhor jeito de faze-la, pois como podem ter notado, muitos falham nas primeiras tentativas, normalmente por tentarem complicar o descomplicado.- procura em seu bolso uma folha e faz um rápido desenho - Basicamente, o segredo para o sucesso é bem simples, sendo os principais passos pensar no que quer, ter conhecimento do encantamento, ter a força e inteligência para derrotar a criatura e por último preparar um selo de antemão, caso queira fazer uma ligação mestre e servo.

Os alunos assentiam, embora alguns já soubessem de tais fatos.

- Entretanto...- todos se concentram em Alberto, pensando sobre o que acrescentaria.-Isso é uma magia que você deve saber preparar tudo, pois não tente fazer bonito na frente de seus colegas falando línguas que nem conhece, ou fazendo gestos mirabolantes. Tudo o que é recomendado a você fazer, é ter um local calmo onde possa trabalhar sua convocação sem pressa. Além disso, use o idioma original de teu país, pois é um ao qual você está bem acostumado e que você tem maior habilidade de transmitir seus desejos e sentimentos.- fala Alberto, enquanto procura a folha de papel.

Enquanto a pega, os alunos pensavam: O que está pretendendo nos mostrar?

- Mais uma coisa.- respira fundo - O selo, que como eu disse deve ser preparado para um vínculo ou contrato, modo como é chamada a ligação mestre e servo, é extremamente importante, e deve ser parecido com isto.- diz mostrando o que está no papel - Usem alguma magia de ampliação para ver melhor.

Com diferentes magias, os alunos puderam perceber o padrão do selo.

- O selo não deve ser exatamente igual, entretanto, deve conter sempre, sem exceção, caracteres ou palavras que representam vida, morte e controle. Esse é o único padrão de selos que realmente é seguro e confiável para nós, mortais.- fala Alberto guardando o papel.- Alguma pergunta?

Ninguém disse nada, então Alberto prossegue.

- Nada? Então, pois bem, começarei agora a falar sobre magias elemen-

- ENTÃO POR QUE EU NÃO CONSIGO CONVOCAR?!- uma voz feminina interrompe Alberto.

Da multidão uma pequena garota de cabelos vermelhos se desloca em direção ao pódio.

- Se é tão simples como diz, por que eu não consigo, hein?!- pergunta a jovem em direção a Alberto.

- Bem, só pode ser duas coisas, sendo que a primeira é que você não está se concentrando o suficiente, e a segunda...- pausa Alberto, respira e continua.- É que simplesmente você fez alguma coisa errada no processo da convocação.

A garota fecha a cara, e grita com raiva:

- VOCÊ NÃO SABE DE NADA!! Jato del fuego!

Logo depois, um circulo com diversas runas aparece e lança fogo em direção à Alberto, que desvia simplesmente deslocando para a esquerda.

- Fuerza hercúlea!- diz a garota, que logo tem suas veias brilhando em amarelo, fazendo-as vísiveis a olho nu.

Com isto, a jovem não podia deixar de ter certeza de que feriria Alberto. Com um salto, ela já estava na frente de Alberto, e logo desfere um soco em sua direção. No entanto, o tiro saiu pela culatra. Simplesmente virando o corpo de lado e puxando o braço da garota, ele a faz cair de cara no chão.

“ Esse cara ainda é humano? Ele desviou de dois golpes da Gênio Dinamite e ainda derrubou-a só com um puxão!” resmungavam alguns alunos, enquanto outros diziam coisas como “ Incrível!Esse cara realmente faz jus aos boatos!”.

- Decepcionante.- fala Alberto, surpreendendo a todos.- Se isso para vocês é um gênio, então a barra tá preta.- se direciona para Borya.- Ultrapassarei um pouco o tempo que combinei, parece que do jeito que está, eles realmente estão precisando de uma “ajuda”. Nunca pensei que faria algo assim novamente...

Todos os presentes olham abismados para ele. Afinal,o que eles achavam que era um gênio, para esse cara é lixo. E então? O que todos eles eram? Vermes?

- Borya, ficarei uma semana dando aulas para seus alunos, e não diga isso para ninguém de fora, daria muita confusão. Hoje a tarde, ao final das aulas, por favor, peço para que todos, sem exceção, venham para as pradárias.

Sendo feita esta sentença, Alberto deixa a locação sob o olhar atordoado de todos os presentes.

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